Xica Manicongo, a Primeira Travesti do Brasil e Sua Importância para o Movimento Trans

No dia nacional do orgulho trans, lembramos nossa mana Xica Manicongo, a 1ª travesti do Brasil. Celebre sua autenticidade e se orgulhe da nossa história!

Xica Manicongo é uma figura emblemática na história do Brasil e um símbolo de resistência e luta para a comunidade trans. No século XVI, Xica, uma mulher angolana trazida ao Brasil como escravizada, desafiou as normas de gênero da época colonial e viveu sua verdadeira identidade em um contexto de extrema repressão e violência.

Significado de “Xica Manicongo

O nome “Xica Manicongo”

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O nome “Xica Manicongo” reflete um rompimento com as normas de gênero daquela época. “Manicongo” deriva de “Mwene Kongo”, que significa “Realeza do Congo”, enquanto “Xica” é uma adaptação do nome Francisco, que lhe foi imposto ao ser escravizada. Xica escolheu viver como cudina, uma identidade de gênero decolonial, recusando-se a usar vestimentas masculinas e comportar-se de acordo com as expectativas da sociedade patriarcal e colonialista.

A história de Xica Manicongo

Xica Manicongo, considerada a primeira travesti do Brasil

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A história de Xica Manicongo é marcada pela resistência e pela luta contra a marginalização. Acusada de sodomia e de fazer parte de uma quadrilha de feiticeiros sodomitas, Xica foi julgada e condenada pelo Tribunal de Santo Ofício. Para escapar da pena de morte, foi forçada a negar sua identidade e adotar um estilo de vida masculino.

Por quase 400 anos, a história de Xica foi mal interpretada, com sua transexualidade sendo apagada pelos historiadores. Somente no final do século XX, sua verdadeira identidade foi reconhecida, e ela passou a ser vista como um ícone de luta e resistência para a comunidade trans no Brasil. Em 2022, houve uma tentativa de homenagear Xica Manicongo com o nome de uma rua em São Paulo, proposta pela então vereadora Erika Hilton, mas o projeto foi vetado pelo prefeito da época.

A importância de Xica Manicongo para o movimento trans

Direitos Trans São Direitos Humanos

Foto por Oriel Frankie Ashcroft

A importância de Xica Manicongo para o movimento trans vai além de sua história pessoal. Ela representa a luta contínua contra a transfobia, a violência e a marginalização que pessoas trans ainda enfrentam hoje. Sua existência desafia narrativas que buscam apagar ou deslegitimar a existência de pessoas trans e travestis, mostrando que a identidade trans é histórica e decolonial.

“Quem tem medo de Xica Manicongo?”.

Paraíso do Tuiuti vai contar a história da primeira travesti do Brasil no carnaval de 2025

A história de Xica Manicongo inspira artistas, ativistas, escritores e estudiosos, e sua vida é um lembrete poderoso da necessidade de lutar por um mundo onde todas as pessoas possam viver suas identidades livremente, sem medo de perseguição ou violência. Sua memória vive na luta das pessoas travestis e do povo negro, e sua história será celebrada no Carnaval 2025 do Rio de Janeiro pela escola de samba Paraíso do Tuiuti, com o enredo “Quem tem medo de Xica Manicongo?”.

A trajetória de Xica Manicongo é um testemunho da resiliência e da coragem de enfrentar sistemas opressivos. Ela é uma heroína cuja história merece ser contada e lembrada, não apenas como um capítulo da história trans, mas como uma parte vital da história brasileira e da luta pela dignidade e igualdade para todos.

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Feliz dia do orgulho!

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